Uma noite de entrega, emoção e conquista. Nessa quarta-feira (5), o hall de entrada do Sebrae virou palco para a apresentação do 1º Plano Estadual de Economia Criativa, que vem a ser inédito no País justamente pela construção colaborativa. Longe de ser feito dentro de um gabinete, o plano foi tecido como uma colcha de retalhos, a partir da contribuição de cada fazedor da economia criativa deste Estado.
A missão do plano é estabelecer políticas, programas, projetos e atividades que promovam a economia criativa no Estado, com a formação de redes, espaços e ecossistemas, e fazer de Mato Grosso do Sul referência nacional em políticas e gestão para o setor.
“A gente não está entregando um plano, a gente está fazendo história”. A fala é do superintendente de Economia Criativa de MS, Décio Coutinho, mas espelha o sentimento de cada um dos construtores desta ideia, e parceiros como Sebrae, Sesc, Sesi e Prefeituras Municipais.
Para a contadora de histórias e fundadora da Casa da Memória Raida de Bonito, Fernanda Reverdito, o plano chega como o crescer de uma árvore.
“Fico até arrepiada, porque é como se Mato Grosso do Sul estivesse resgatando suas raízes, como se fôssemos uma árvore que você vai até suas profundezas se conectar com o solo, com os povos tradicionais, com os povos quilombolas. Antes de chegar até aqui, nós construímos juntos o plano nos nossos municípios, unindo as cidades do entorno. E é assim que a gente se fortalece, descobrindo a nossa pluralidade, a nossa diversidade por eixos. Isso pra mim é um grande ganho da economia criativa”, poetiza Reverdito.
Criada ainda no primeiro semestre de 2023, a Superintendência trouxe o especialista Décio Coutinho a Mato Grosso do Sul, um dos grandes nomes da economia criativa no País, que mergulhou a fundo na história, nas culturas e nos dados do Estado.
Depois de cruzar todo Mato Grosso do Sul em oito encontros regionais, a Superintendência ouviu artistas, criativos, artesãos, designers, pessoas ligadas à gastronomia, moda e tecnologia, arquitetura, fotografia, música, artes, e também gestores das regiões de Corumbá, Naviraí, Ponta Porã, Rio Verde, Campo Grande, Bonito, Dourados e Três Lagoas.
“O Mato Grosso do Sul já é uma referência nacional na indústria, no agronegócio e dos serviços, e a gente está buscando ser uma referência também na economia criativa com este plano que traça uma série de ações em oito eixos que visam entender esse sistema complexo e como isso pode ser tratado para que a gente possa ter as nossas metas avançadas”, explica Décio Coutinho.
O encontro contou com a presença de Edna dos Santos-Duisenberg, conselheira da International Policy Advisor – Creative Economia & Development.
Economista, pesquisadora e conselheira internacional para governos e instituições na área da economia criativa e políticas de desenvolvimento, Edna dos Santos-Duisenberg desenvolveu carreira profissional na ONU em Genebra ao longo de 30 anos, ocupando cargos de alto nível, e é mundialmente conhecida pelo trabalho pioneiro que desenvolveu na ONU na área da economia criativa como estratégia de desenvolvimento.
Palestrante do evento, Edna dos Santos falou do orgulho de estar no lançamento do plano e que enxerga o documento como um marco decisivo para alavancar o crescimento de Mato Grosso do Sul.
“É a primeira vez que venho aqui e venho num momento significativo que é o 1º Plano Estadual de Economia Criativa costurado com muitas ideias, com diálogo, envolvendo todos os atores e tendo apoio importante do Governo do Estado e todo sistema S. Fiquei encantada com a diversidade de Mato Grosso do Sul e ver toda a contribuição das diversas etnias, toda a importância da biodiversidade local, fauna e flora. Acredito que vocês têm tudo para a economia criativa alavancar ainda mais a prosperidade da região”, ressaltou.
Plano MS+Criativo
Os oito eixos do plano foram subdivididos a partir de levantamentos realizados através das atividades desenvolvidas nos oito encontros regionais. Em cada um deles é descrito quais são ações propostas e quais grupos serão trabalhados.
“A economia criativa é feita através da criatividade do talento humano, do talento das pessoas. O eixo principal do nosso plano é a qualificação e a capacitação, que serão feitos pelos parceiros como Sistema S, instituições de ensino superior, e governos estadual e municipal”, exemplifica Décio.
Outro ponto importante que o plano traz é a criação de um observatório de economia criativa para que sejam monitorados dados, estatísticas e informações sobre o setor.
“Como um método científico para que a gente possa ter dados e informações para trabalhar essas políticas públicas. A questão dos recursos, que muitos questionam de onde virá o dinheiro, explico que ele já existe. Nós temos uma série de recursos, editais e leis disponíveis que as empresas podem apoiar em parceria com a indústria, com o comércio e, que através do plano, vamos ativar. São recursos que o Estado não aproveita, não potencializa. Então a gente vai buscar isso de forma a qualificar as pessoas para que elas possam ter projetos atendidos”, ressalta o superintendente.
Ninguém faz nada sozinho
Titular da Setescc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura e Cidadania), Marcelo Ferreira Miranda, destacou em sua fala o quanto o programa é colaborativo em sua essência.
“Ninguém constrói nada sozinho, e essa união de forças é muito importante. Este plano nos orgulha muito. Reitero aqui o compromisso do nosso governador Eduardo Riedel com o fortalecimento da Economia Criativa, todo o Governo está envolvido nesse projeto, e a gente não tem dúvida de que a geração de renda vai surgir a partir desse plano estadual que já está fazendo uma grande diferença na economia do Estado”.
Diretora técnica do Sebrae, Sandra Amarilha enfatiza o papel fundamental da parceria para a elaboração de todo o plano.
“Somos parceiros de primeira hora porque acreditamos na parcela dessa economia, nos empreendedores que hoje usam seu talento para a geração de emprego e renda. É fundamental que esta atividade encontre amparo numa política pública. Este 1º Plano de Economia Criativa é um importante caminho, pavimento mesmo, para que essa política pública dê sustentação e que essa parcela da economia, de fato, possa se multiplicar”.
Diretora regional do Sesc, Regina Ferro explica que a instituição está desde o início trabalhando ao lado do Governo do Estado na construção coletiva desta política.
“A economia criativa é um segmento pouco explorado ainda no Mato Grosso do Sul. Precisa desse esforço conjunto, de levantar potencialidades e iniciativas que geram a economia local, com o aproveitamento do que já se faz, e do que se pode fazer. Nosso trabalho diagnóstico, proposições de potencialidades e agora resulta na proposta de ação para que todos possam colher frutos dessa economia”.
Para o superintendente do Sesi, Régis Pereira Borges, a instituição como agente fomentador da cultura e da arte não poderia deixar de se envolver em todo este movimento pela criação da legislação da Economia Criativa em Mato Grosso do Sul.
“O Sesi vem buscando acelerar esse processo de inovação social, como agente de transformação e de fomento econômico através da arte e da cultura. Parabéns ao Governo do Estado, parabéns à Secretaria e a todos os envolvidos nesse projeto”.
Paula Maciulevicius, Comunicação Setescc