Nascida prematuramente na Maternidade Odete Valadares (MOV), da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), pesando apenas 460 gramas, Liz retornou com sua família à unidade nesta sexta-feira (22/12) – dia do seu aniversário de um ano – para visitar e agradecer a equipe que cuidou dela durante os quase seis meses de internação. O encontro foi marcado por muitos abraços, colos, sorrisos, e com direito a bolo e parabéns.
“Estou chorando desde ontem, pois quando fui internada aqui na maternidade, há mais de um ano atrás, eu não tinha nem mesmo a certeza de que ela nasceria”, afirma, emocionada, a mãe, Bruna Aparecida Alves Estevão. Para o pai, Jefferson Estevão, estar de volta à unidade é um marco. “Relembramos tudo o que passamos. Foram momentos muito difíceis, mas hoje a sensação é de vitória. Vê-la crescer é muito gratificante. Agora, só temos o que celebrar”.
A mãe conta que o dia da alta de Liz foi como o nascimento dela. “Senti como se ela estivesse nascendo naquele momento. Foi um misto de afeto, medo e vitória”. Os meses seguintes foram marcados por alegrias e adaptações à nova rotina. “Os primeiros dias em casa foram assustadores. Por ela ser muito pequena, demandava mais cuidados. Mas fomos nos adaptando com o tempo. E ela tem se desenvolvido muito bem, tudo dentro do normal”.
A técnica de enfermagem Isael Cazabel Torres e Cruz Silva acompanhou de perto a evolução da bebê desde o nascimento e vibrou com a visita. “A Liz nasceu tão pequena que dava medo de pegar. Os primeiros dias foram muito tensos, mal podíamos abrir a incubadora, pois ela perdia calor e desestabilizava muito rápido. A mãe sempre foi muito calma e gentil, o que ajudou demais em todo o processo. A expectativa de vida era baixa, mas ela surpreendeu a todos. Foram muitas intercorrências ao longo dos meses e ela sempre superou todos os desafios, sem nenhum tipo de lesão. Isso é muito raro”, relembra.
E completa. “Vê-la hoje crescendo e se desenvolvendo tão bem é muito compensatório para todos nós da equipe. Ela é o nosso milagre”.
Os angustiantes dias vividos durante os primeiros seis meses de vida de Liz, a mãe jamais vai esquecer. Mas, além da lembrança, fica a gratidão por toda a equipe da maternidade. “Foram meses de muita luta, vivemos um dia de cada vez, superando todas as dificuldades que apareciam. Mas fomos muito bem atendidos. Nos sentimos abraçados pelo hospital – desde os atendentes da portaria e as profissionais da limpeza até toda a equipe assistencial -, só temos a agradecer. Tudo o que foi possível, e até o impossível, foi feito pela equipe”, elogia.
Natal
Para os pais de Liz, o Natal deste ano será especial. “Vai ser mágico. Será o primeiro Natal da Liz, já que ano passado estava tudo muito recente. Foi uma data difícil. Nós duas estávamos internadas. Ela, longe de mim, na UTI Neonatal”, lembra a mãe.
“Ano passado estávamos muito felizes pela chegada dela, mas angustiados sem sabermos se ela sobreviveria. Este ano teremos nosso primeiro Natal em família, celebrando com a Liz forte e saudável ao nosso lado”, completa o pai.
Entenda o caso
Nascida com um peso abaixo da média até mesmo para a sua idade gestacional, Liz teve restrição de crescimento identificada em um exame morfológico que a mãe realizou durante o pré-natal. Embora a constatação não tenha causado grandes preocupações no geral, a gestação teve os rumos mudados ao passar por um outro exame e descobrir uma condição de saúde chamada de pré-eclâmpsia – quadro de hipertensão arterial –, após a 20ª semana de gravidez.
Por conta disso, o parto precisou ser induzido e, então, Liz nasceu com apenas 26 semanas e quatro dias de gestação, sendo necessário permanecer na incubadora por três meses. Somente após quase seis meses de internação e muitos cuidados especiais, a pequena Liz pode, enfim, ir para a casa, no dia 6/6, pesando 2,340 quilos.